O historiador Manoel Antônio de Oliveira Coriolano é patrono da cadeira número 38 da Academia Apodiense de Letras, que tem como Acadêmico o escritor José Irinaldo do Carmo, foto acima
STPM JOTA MARIA - MOSSORÓ-RN, 06 DE JUNHO DE 2020
OLIVEIRA CORIOLANO - HISTORIADOR
“Os índios Tupis chamam sanharó, sonharão, a uma abelha
preta, muito mordaz. No município do Apodi, no Rio Grande do Norte, há um sítio
“Sonhorom” que é apenas deturpação desse nome. Ali residia Manuel Gomes de Rêgo
e sua mulher Dona Isabel Maria de Jesus. MANOEL ANTÔNIO DE OLIVEIRA
CORIOLANO nasceu no Sítio Sonharão, no dia 05 de janeiro de 1835. Faleceu
na cidade do Apodi a 28 de dezembro de 1922. Durante meio século seu nome
correu todo oeste da Província e Estado, era o cronista do sertão, o
historiador inédito mais diário, o sabedor das tradições, o homem que tudo
observava, retinha e anotava nos cadernos de papel almaço, tornados
famosos nas “ribeiras” como as actas diurnas do desenvolvimento
social, folclórico, político e religioso da região. Pertenceu a uma
geração desaparecida de anotadores desinteressados pela divulgação dos
ensaios. Conheci ainda, no alto sertão, esses velhos fazendeiros que registravam
todos os acontecimentos conhecidos, as datas e os detalhes, formando desta
sorte, os fundamentos honestos de uma história verídica, como testificada pelas
notas apanhadas no calor dos sucessos. Manoel Antônio
de Oliveira Coriolano pertenceu a essa raça e que se extinguiu quase
inteiramente e jamais se renovará. Escreveu com letra graúda e lançada,
quatro livros inteiros sobre a História do Apodi, a freguesia de São João
Batista das Várzeas do Apodi, terra nevoenta de tradições sugestivas, núcleo irradiante
de fazendas, zona que se partiu para criar municípios, como numa divisão
fecunda de polipeiros. Não é possível caminhar-se na história do oeste
norte-rio-grandense sem consultar Manuel Antônio de Oliveira Coriolano, seja
qual for o aspecto fixado. Era esse Cicerone de Apodi, como lhe cognominava
“MISCELÂNEA”. Jornalzinho do Natal, em seu número 5 - 12 - 1898 - “Eís em
ligeiros traços, a vida de um destes homens cuja inteligência excepcional
perde-se no recôncavo culto do alto sertão, onde ouve apenas o mugir da vaca e
o relinchar do cavalo”.
Manoel Antônio de Oliveira Coriolano exerceu cargos locais, na promotoria
pública, eleitor de paróquia, especialmente na advocacia, onde se afirmou como
um legítimo tribuno do povo, aceitando causas que afetavam interesses
prestigiosos, não recusando fazer acusações que se tornaram citadas como
atitudes de suma coragem pessoal.
Uma vida áspera, difícil e cheia de episódios atordoadores. Criança, não
podendo estudar, vinha esperar na estrada os viajantes, munido de papel e
tinta, suplicando que traçassem para ele os traslados. Aprendeu a ler sem
mestre e, tendo conseguido um livro, deleitava-se de tal forma com a leitura
que, mandado vigiar uma lavoura de milho, deixou que as maracanãs a
devorassem, absorvido nas folhas impressas. Ildefonso
Alves Maia, mestre-escola em outubro de 1844, ensinou alguns princípios.
Mudando-se para a Vila em 1855, Coriolano estudou com o Padre Florêncio Gomes
de Oliveira, rudimentos gramaticais. Daí em diante é um autodidata, sedento de
curiosidade, revolvendo arquivos, tendo de memória livros inteiros, sabendo de
cor centenas de registros de nascimento, casamento, das famílias tradicionais
do Apodi. Chegou a ensinar português e Direito Penal no Apodi. Durante a guerra
do Paraguai foi recrutado. Era Conservador e o delegado de policia
figurava no partido Liberal. Depois de dois meses de luta, Coriolano voltou,
livre, com as desculpas do presidente Olinto Meira, cioso dos códigos e
distribuidor de justiças. Rara seria a eleição tumultuosa em que Coriolano não
ditasse o “protesto”, encaminhando os recursos, porejantes de
indignação aos furtos das urnas, falsificação das atas ou sonegação de votos,
expressões antigas, e teimosas do mecanismo eleitoral.
Impossível deixar de admirar a cópia extensa e informes sistematizados por
Oliveira Coriolano sobre as terras de Apodi, compreendendo Caraúbas, Mossoró,
Macau. Esses volumes, durante meses, estiveram comigo,
por empréstimo de Des. Felipe Guerra, a quem os devolvi. Abrangem dois e meio séculos
de História, minuciosa, detalhada, com lendas e veracidade de mistura, nomes,
datas, casos, guerrilhas, secas, enchentes, ações nobres, curiosidades.
Lastimável será que tudo esse acervo documental se perca. Perdido ou não, já
tenho provas para não esquecer e louvar o historiador sertanejo, Manuel Antônio
de Oliveira Coriolano”. (Biografia extraída do “O Livro das Velhas Figuras” de
Luís de Câmara Cascudo)
FONTE – TUDO DE APODI
O historiador Manoel Antônio de Oliveira Coriolano é patrono da cadeira número 38 da Academia Apodiense de Letras, que tem como Acadêmico ...